Resultado da Pesquisa: Identificação da Probabilidade de voto nos candidatos a presidente da república no Brasil - eleição 2022 - Segundo Turno
Por Prof. Vasconcelos Reis Wakim
Doutor em Economia Aplicada
07/10/2022
Inicialmente, cabe destacar que o objetivo da pesquisa é identificar a probabilidade do eleitor, dada algumas características sociais e econômicas, como renda, sexo, raça, escolaridade votar em um dos dois candidatos aptos a serem eleitos no segundo turno das eleições presidenciais do Brasil no ano de 2022.
Em função disto, não houve a preocupação de se definir estatisticamente uma amostragem significativa da população que revelasse a real intenção de votos. Portanto, buscou-se apenas ter uma amostra significativa para que os parâmetros a serem estimados das probabilidades fossem significativos de modo a atender os preceitos teóricos do modelo clássico de regressão linear (MCRL).
O montante de respostas obtidas nesta pesquisa, totalizou 353 questionários. Deste total, obteve-se um percentual de 43,63% de homens e 56,37% de mulheres (Figura 1).

Figura 1 - Perfil da amostra por sexo
No que se refere à raça dos entrevistados, estas foram divididas entre aqueles indivíduos que se declaram Brancos, Pardos, Negros ou outra raça não listada anteriormente, como por exemplo, indígena, amarela ou outra. A Figura 2, retrata o percentual de indivíduos por raça na pesquisa. Os eleitores que se declaram como Brancos representa 39,66 % da amostra. Já os indivíduos Pardos representam 46,18 % da amostra. Os Negros representam um total de 13,60 % da amostra. E por fim, as outras raças, totalizaram um percentual de 0,57%. (Figura 2).

Figura 2 - Perfil da amostra por Raça
Na Figura 3 é apresentado o perfil dos eleitores ouvidos na pesquisa. Constata-se que os indivíduos que possuem apenas o Ensino Fundamental apresenta um percentual de 2,27%, já os cidadãos que possuem o Ensino Médio, totalizou 28,90 % da amostra. As pessoas que possuem Ensino Superior, representam uma parcela, na amostra, de 60,66% E por fim, os eleitores que possuem algum tipo de titulação acadêmica, como Mestrado e Doutorado, representaram respectivamente na amostra 5,95% e 2,83%.

Figura 3 - Perfil da amostra por Escolaridade
A Figura 4 apresenta o perfil dos entrevistados quanto à sua renda média familiar em salários-mínimos. Verifica-se que os eleitores que ganham até 1 salário-mínimo totalizaram 12,46% dos entrevistados. Os que que possuem renda entre 1 salário-mínimo e 5 salários-mínimos representam 62,89%. Os indivíduos que declararam renda familiar mensal média entre 6 e 10 salários-mínimos somaram 13,88% da amostra. E por fim, os que afirmaram possuir renda mensal familiar média acima de 10 salários-mínimos, representam 10,76% da amostra.

Figura 4 - Perfil da amostra por Renda
Na Figura 5, é apresentado a estatística descritiva relacionada à idade dos entrevistados. Percebe-se que a idade média dos entrevistados é de 36,17 anos. A maior idade encontrada entre os eleitores ouvidos foi de 72 anos. Por fim, a menor idade declarada foi de 16 anos.

Figura 5 - Dados referentes à idade dos eleitores
Na Figura 6, é demonstrado os percentuais de escolha entre os candidatos concorrendo ao pleito eleitoral para presidente da república no ano de 2022. Os estratos foram definidos como, o candidato de número 22 do PL (Jair Messias Bolsonaro), candidato número 13 do PT (Luís Inácio Lula da Silva), votos Brancos, Nulos e Indecisos. Pela Figura 6, constatou-se ao final da pesquisa que o candidato de número 22 obteve um percentual de manifestação em prol de sua candidatura de 49,15%. Por sua vez, o candidato de nº 13, obteve um total de 46,31%. Os votos Brancos, Nulos e Indecisos representam respectivamente 0,28%, 2,27% e 1,99%.
Considerando-se um cenário onde se exclui-se os votos Brancos, Nulos e Indecisos, os candidatos Bolsonaro e Lula, obtêm respectivamente 51,4% e 48,6%. Que representa os chamados votos válidos.

Figura 6 - Manifestação voluntária de escolha entre os candidatos a presidente da república - Brasil 2022.
Análise da Probabilidade de Voto nos Candidatos Luís Inácio Lula da Silva (PT - 13) e Jair Messias Bolsonaro (PL - 22)
No caso específico do estudo das probabilidades, a metodologia utilizada foi a denominada de Logit Multinomial, que é um instrumento cujo a variável explicada (Y) é categórica, ou seja, assumiu valor 0 representando o candidato número 13; 1 para o candidato número 22; 2 para Brancos e Nulos; e 3 para os indecisos. Após esta definição, foi estimado o modelo bem como os efeitos marginais das variáveis explicativas (Sexo, renda, escolaridade, Raça e Idade) que explicam a probabilidade de cada candidato receber voto dos eleitores, dada as suas características relatadas/coletadas na amostra.
Na Figura 7, relata-se a probabilidade de os candidatos receberem votos dos eleitores em função de suas respectivas idades. Lembra-se que a variável idade é foi construída de forma contínua, ou seja, não foi estratificada em faixas etárias. O entrevistado informou de maneira livre sua idade no momento da pesquisa. O efeito marginal calculado levou-se em consideração a menor idade informada na amostra (16 anos) e a maior idade declarada (76 anos), com um delta (variação) de 10 anos. Assim, a análise da probabilidade de votar em qualquer um dos candidatos considerou-se as classes:
1) 16 anos;
2) 26 anos;
3) 36 anos;
4) 46 anos;
5) 56 anos;
6) 66 anos; e
7) 76 anos.
Assim, percebe-se que à medida que se eleva a idade do eleitor, no caso do candidato de número 13, a probabilidade de pessoas com idades mais elevadas votarem neste candidato é reduzida. Assim, o candidato número 13, tem mais inserção entre os eleitores jovens do que nos eleitores mais velhos.
Já o candidato número 22, se percebe exatamente o oposto, à medida que a idade dos eleitores se eleva, a probabilidade de obter votos, é aumentada. No entanto, têm-se uma menor probabilidade de receber votos da faixa etária mais jovem e uma maior probabilidade de receber votos de eleitores mais velhos.


Figura 7 - Probabilidade de receber votos dos eleitores por faixa etária.
No caso do sexo do candidato, esta foi uma variável dummy, isto é, uma variável binária, que assume valor 0 (zero) para indivíduos do sexo masculino e 1 (um) para as pessoas do sexo feminino.
Nota-se que a probabilidade do eleitor do sexo masculino votar no candidato Lula é de 31,16%, já os eleitores do sexo feminino, apresentam uma probabilidade de votar no candidato do PT de 58,4%.
Já o candidato à reeleição Bolsonaro, os eleitores masculinos apresentam uma probabilidade de 62% de votarem neste candidato, por sua vez, os eleitores do sexo feminino apresentam uma probabilidade de votar neste candidato de 38% (Figura 8).

Figura 8 - Probabilidade de receber votos dos eleitores por sexo.
Quanto a raça dos entrevistados, estas foram divididas entre indivíduos de dois grandes grupos, um grupo, contendo os eleitores considerados Brancos e Pardos (valor 0) e outro grupo contendo os que se declararam como Negros e Outras (valor 1) (Figura 9).
Constatou que os indivíduos considerados Brancos e Pardos tem uma probabilidade 54,8% de votar no candidato Lula, já os que se consideram Negros e Outros, apresentam uma probabilidade de 45,2% de chances de votar no Lula.
Por outro lado, os indivíduos considerados Brancos e Pardos tem uma probabilidade 38,6% de votar no candidato Bolsonaro, já os que se consideraram Negros e Outros, apresentam uma probabilidade de 50,4% de chances de votar no Bolsonaro.

Figura 9 - Probabilidade de receber votos dos eleitores por Raça.
No que tange à variável Escolaridade, também foi dividida em dois grandes grupos com o intuito de facilitar a análise. Sendo um grupo formado pelos eleitores que possuem Ensino Fundamental e Médio (valor 0) e pessoas com nível superior, mestrado e doutorado (valor 1). A Figura 10 demonstra a probabilidade de 46,4% de eleitores com possuem o Ensino Fundamental e Médio de votar no candidato Lula e os que possuem curso superior, esta probabilidade é de 46,7%. Já o candidato Bolsonaro, quando se trata dos eleitores com o Ensino Fundamental e Médio, a probabilidade deste grupo votar em sua chapa é de 49,1% e os eleitores com nível superior, mestrado e doutorado, esta probabilidade é de 49,3%. Os valores restantes para integralizar o 100% da amostra, refere-se aos Brancos/Nulos e Indecisos.

Figura 10 - Probabilidade de receber votos dos eleitores por Escolaridade.
Por fim, a variável renda, também foi estratificada como uma variável dummy, assumindo valor igual a 0 para os eleitores com até 5 salários-mínimos e valor igual a 1, para aqueles que possuem renda familiar mensal acima de 6 salários-mínimos. Percebe-se que nesta variável os indivíduos com até 5 salários-mínimos apresentam uma probabilidade de 47,1% de votar no candidato Lula, já os que apresentam renda superior a 6 salários-mínimos, a probabilidade passa ser de 44,8%.
Por sua vez, o candidato Bolsonaro, a probabilidade que os eleitores com até 5 salários-mínimos vote nele é de 48,6%, já os indivíduos que declararam renda superior a 6 salários-mínimos, a probabilidade de votar neste candidato é de 50,5%.
A diferença dos dois candidatos para integralização do 100% estão associadas aos votos Branco, Nulo e Indecisos.

Figura 11 - Probabilidade de receber votos dos eleitores por Renda.